O filho mais velho que cozinhava para ajudar nos afazeres da casa ainda não tinha escolhido a Gastronomia como carreira profissional quando saiu da comunidade de Itajuba, no município de Curuçá, interior do Pará, rumo à capital Belém. Ele também não imaginava que em 2016 conquistaria o 1º lugar no concurso “Enchefs Pará”, com o “Confit de Pato com Geleia de Jambu, Aligot de Pupunha e Beiju Chica”, em uma releitura cheia de personalidade e ousadia do típico Pato no Tucupi. (Veja a galeria de fotos abaixo)
Leonardo Modesto, de 29 anos, aprendeu a cozinhar muito cedo, utilizando os insumos produzidos na lavoura da família de agricultores. Destas raízes ele colheu inspirações para o trabalho que desenvolve agora como cozinheiro, aliando ingredientes comuns à mesa do povo paraense e técnicas de culinária profissional. Com tais características, Leonardo recebeu, além o prêmio, o posto de Embaixador da Gastronomia Paraense, para o Encontro Nacional de Chefs (Enchef) em 2017. A colocação foi concedida com a vitória da etapa local do concurso, realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no dia 14 maio, dentro da programação do Festival Brasil Sabor.
“Quando cheguei a Belém, em 2005, ainda não tinha despertado para essa área. Trabalhei como embalador de supermercado e depois fui para a lanchonete do estabelecimento. Esse foi o meu primeiro contato com alimentação em um emprego, mas a culinária ainda era apenas uma coisa que eu gostava de fazer e não uma possibilidade profissional. Depois de passar por outro emprego, desta vez em uma cozinha industrial, comecei a me identificar de verdade e a perceber que eu tinha aptidões desde quando inventava comidas diferentes para fugir do trivial, no interior”, relembra.
Ao perceber o seu potencial para o ramo, Leonardo passou a nutrir o sonho de aprender as técnicas profissionais em um curso do Senac. “Houve um período em que tinha dois empregos. Trabalhava como auxiliar de cozinha e conciliava com outra atividade que não era ligada à culinária. Eu tinha muita vontade de fazer o curso no Senac, para me qualificar realmente no que eu tinha afinidade, ter uma formação completa de cozinheiro por uma instituição de referência, como o Senac, para assim poder almejar um salário melhor, me tornar um profissional realmente. Acontece que naquele momento eu não consegui fazer o curso, por falta de tempo e também de dinheiro, mas tracei essa meta e não desisti”, conta.
Para chegar ao objetivo de se formar cozinheiro, Leonardo deixou um dos empregos e passou a gerar uma renda extra produzindo e vendendo brownies. “Nesse mesmo período cobri as férias de um amigo na cozinha de um restaurante e durante este trabalho criei uma receita para a apresentação do estabelecimento na programação Chefs na Praça, do Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense. Essa receita foi muito bem aceita e isso instigou ainda mais a vontade de seguir na carreira da gastronomia”, explica.
Leonardo ingressou na turma do 2º semestre de 2015 do curso de Cozinheiro do Senac, no Centro de Educação Profissional de Belém e se tornou um profissional qualificado, dando um importante passo em sua formação. “No Senac pude enxergar Belém em relação à gastronomia. As aulas expositivas e participativas, além das oportunidades de conhecer eventos do circuito local, ajudaram bastante no aprendizado das técnicas de cozinha, os nomes corretos dos utensílios, dos processos, a necessidade de organização, produção de ficha técnica e tudo que exige uma cozinha profissional. Muitas coisas eu desconhecia, mesmo já tendo trabalhado na área, principalmente as orientações sobre postura do cozinheiro, empreendedorismo, criatividade, manipulação de alimentos, etc.”
O ex-aluno fez parte da primeira turma do curso de Cozinheiro no Pará alinhada ao Modelo Pedagógico Nacional do Senac e esta nova visão educacional não passou despercebida. “A proposta de colocar o aluno em sala de aula nas situações que acontecem na realidade de uma cozinha é muito importante, porque ajuda o aluno a saber lidar com o tempo, com os imprevistos, trabalhar em equipe dividindo tarefas, respeitando os colegas. Ou seja, o que é visto na teoria é praticado como se estivéssemos na rotina da profissão, o que prepara a pessoa para atuar em qualquer cozinha”, descreve Leonardo, que vivenciou uma situação competitiva durante o Projeto Integrador do curso, onde a turma executou o Festival Gastronômico do Senac elaborando pratos criativos inspirados nas características de cada região do Pará.
O prêmio de 1º lugar no “Enchefs Pará”, apenas alguns meses após o curso, representou uma grata surpresa ao jovem cozinheiro, porém não tirou o foco de continuar se capacitando para se tornar um empreendedor no segmento. “A receita do Confit de Pato com Geleia de Jambu, Aligot de Pupunha e Beiju Chica” foi criada exclusivamente para o concurso. Me surpreendi com a reação dos jurados, pois é um prato complexo tanto no preparo quanto nos ingredientes, por se tratar de uma releitura que harmoniza e interpreta de outras formas sabores muito conhecidos. Fiquei muito feliz porque eles viram personalidade na receita e valorizaram a ousadia de apresentar algo arriscado em uma competição”, acrescenta o ganhador.
Atualmente Leonardo está fazendo curso superior em Gastronomia, trabalha como cozinheiro autônomo, e desenvolve dois projetos, sendo um voltado a produtos regionais de agricultura familiar e o outro para a cozinha amazônica de raiz. Passada a etapa local, Leonardo disputará a etapa nacional do concurso Enchef, além de já ser um dos três indicados do Pará ao Prêmio Dólmã 2016, levando consigo as marcas formativas do Senac.
Texto: Daniele Brabo
Foto: Arquivo Pessoal
Comunicação Senac/PA
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